domingo, 6 de janeiro de 2013

ASSIM VOCÊ FOI E SE FOI


Não o poema da tua ausência,
Apenas um desenho, uma fresta num muro,
Algo no vento, um sabor amargo

Ter Fé é Dançar na Beira do Abismo

 Ter Fé é Dançar na Beira do Abismo

Nasci em finais de época moderna, pouco antes de iniciar-se o retorno à Idade Média, sob o signo de  Leão e a benévola influência de Mercúrio. 
O meu nascimento teve lugar num quente dia de Julho, à primeira hora do crepúsculo, e toda a vida gostei, e desejei inconscientemente, a temperatura daquela hora. 
Chorei-a dolorosamente quando me faltou. 
Nunca pude viver em países frios, e todas as viagens que fiz da minha livre vontade foram em direção ao Sul.

Não há mais porta, mas também não tenho mais vontade de entrar.

Não há mais porta, mas também não tenho mais vontade de entrar.
A multiplicidade é uma das maiores riquezas da humanidade e o convívio com pessoas diferentes é uma chance preciosa de alargar a nossa percepção sobre a realidade e descobrir que, no fim das contas, as coisas realmente importantes são poucas e triviais. E que é perda total de tempo e de energia alimentar animosidades e preconceitos inúteis, enquanto a vida pode ser muito generosa e, sobretudo, simples.

Multipliquei-me,



Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

E já não és senão como te sinto.


Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim!

PERGUNTE-ME


"...Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa:
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer..."




Mia Couto